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     20/05/2024            
 
 
    

Em 1960, a pauta de exportações agrícolas do Brasil reunia cerca de 40 produtos e rendia 8,6 bilhões de dólares, em valores de 2012. Café em grão (63% da renda), cacau, açúcar demerara, algodão, madeira de pinho serrada, sisal, fumo, castanha do Pará, manteiga de cacau e cera de carnaúba eram os itens mais importantes. Soja, milho e carne in natura eram exportações residuais. Não se exportava álcool, carne de frango ou suco de laranja.

Mesmo no café, apesar de já se usar insumos modernos, era, na maior parte do Brasil, uma agricultura extrativista, com mínimo processamento e baixíssimo aporte tecnológico. O Brasil ensaiava a industrialização, com suas etapas de transformação intensivas em agregação de valor, e já cultivava o sentimento, com algum preconceito, de que era mais nobre e moderno exportar bens industrializados do que produtos básicos. Mas, eram as exportações de produtos básicos que financiavam a modernização da economia.

De 1960 a 2012, a pauta de exportações do agronegócio cresceu: mais de 350 itens, quase US$ 96 bilhões. Parte disso veio da venda de bens industrializados. Só farelo e óleo de soja, açúcar, etanol, celulose, papel e suco de laranja renderam US$ 32 bilhões. Parte veio de bens primários: soja, milho, café cru, algodão em pluma, fumo e carnes in natura renderam mais de US$ 46 bilhões.

A multiplicação de itens e do valor tem a mesma explicação: densidade tecnológica. O desenvolvimento tecnológico da agricultura ampliou a oferta de produtos tradicionais como milho e café e adaptou, com sucesso, novos cultivos e criações como a soja, a maçã e o frango de granja. A modernização da agroindústria diversificou tanto o aproveitamento de matérias-primas, que hoje se exporta itens tão inacreditáveis como “resíduos de café” e “desperdícios de couro”, ou de algodão, ou de seda.

A principal mudança foi no processo de produção agrícola, hoje tão diferente daquele de 1960, que perde sentido distinguir produto básico de produto industrializado. Um grão de café não é mais “extraído” da natureza. É construído, é industrializado. A planta e o animal são monitorados, pois são “usinas” processadoras . Sabe-se tanto sobre suas relações com o solo, água, insetos e microorganismos , que a quantidade e qualidade do grão e da carne são “contratadas” quando se decide que insumos usar. A agricultura de agora é uma “indústria”.

É o que mostram estudos da Embrapa: o que causa 68% desse crescimento na produção agrícola são os insumos industrializados, como fertilizantes, defensivos, catalisadores, etc. Outros 22% resultam do trabalho realizado, boa parte por tratores, plantadeiras, colheitadeiras e ordenhadeiras. Ou seja, hoje mais de 80% de cada grão ou gota de leite se devem a bens industrializados, com todo o valor agregado que eles carregam.

Ademais, cada tonelada de grão ou fibra vendida no país ou no exterior, sustenta um bom pedaço da indústria de insumos, de máquinas e equipamentos, de embalagens, dos serviços de logística de armazenagem e distribuição, e assim por diante. Cadeia produtiva é, pois, um conceito que explica melhor o valor de um produto, pois revela seu impacto na produção de outras riquezas.

O preço final nem sempre é boa métrica para aferir o valor agregado de um produto básico. Pois, o esforço de melhoria tecnológica busca, sobretudo em bens como soja ou petróleo, reduzir o preço por unidade, para se ter menor impacto no custo final de seus subprodutos e ampliar sua demanda, compensando as eventuais perdas.

No fundo, que interessa é o saldo de riquezas que resulta da exportação de um bem. De pouco adianta exportar um bem industrializado, se sua produção consumiu insumos importados caros e o saldo comercial for deficitário. Por isso é lucrativo exportar produtos básicos. Sua densidade tecnológica gera saldos comerciais elevados. Desde 1990, as exportações industriais e de serviços brasileiras amargaram um déficit de US$ 397,66 bilhões, a preços de 2012. A agricultura acumulou um saldo positivo de US$ 828,8 bilhões. De novo, financiou a indústria.

Não apenas por essa razão, países plenamente industrializados subsidiam sua produção e exportação agrícola. Os países sabem que sem a garantia de alimentos e energia, não há segurança nacional. Guerras de conquistas de territórios sempre foram feitas para garantir comida e energia. A produção e exportação agrícola nutrem a paz. É intangível. Mas as pessoas sabem o valor agregado que isso tem.

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